Mais uma publicação nossa foi feita esse úlitmo domingo no encarte Guia da Costrução do Jornal Diário Regional. Confiram a matéria na íntegra.
A adoção de técnicas sustentáveis
que beneficiem o meio ambiente e a qualidade de vida da população tem ação
direta na economia local. A exemplo disso, uma prática que está em crescente uso
é a implantação do chamado IPTU verde para construções que adotam soluções
ecologicamente corretas, como os telhados verdes.
Antes tão
comuns apenas em países europeus e nos Estados Unidos, tais telhados vem
conquistando adeptos em países da América Latina, como México, por ser uma
opção que ameniza alguns problemas ambientais em espaços urbanos densamente
ocupados. Recentemente, Buenos Aires aderiu ao movimento e uma lei foi
sancionada, pelo governo local, instituindo um desconto de até 20% no valor do
IPTU para edificações com jardins nos telhados (tanto para novas construções
como para as já existentes). A meta deles é tornar obrigatório o que hoje é uma
opção: que a construção de novos edifícios seja feita sempre com coberturas
verdes. "Nossa
meta é ambiental. E entendemos também que devemos ser os primeiros a aplicar a
iniciativa. Por isso, desde o ano passado (2012), começamos a construir escolas
com vegetação nos telhados. E o mesmo faremos em outros edifícios
públicos", disse o secretário de Desenvolvimento Urbano portenho, Daniel
Chain à BBC Brasil. Tanto na
Alemanha como em cidades norte-americanas, como Nova Iorque e Chicago, são
aplicadas tais políticas de redução de impostos há mais tempo.
Acredita-se assim que, com esse incentivo fiscal, mais cidades
experimentem os benefícios desta ideia, tais como: melhoria no conforto térmico
e acústico das edificações; aumento da
inércia térmica (o edifício demora mais para esquentar no verão e para esfriar
no inverno); manutenção
da umidade relativa do ar constante e formação de um microclima no entorno da
edificação, reduzindo o efeito de “ilha de calor”. Estudos de bioclimatismo
indicam que com o uso de tais coberturas seja possível melhorar em 30% as
condições de temperatura no interior da edificação, sem recorrer a sistemas de
climatização e aquecedores artificiais.
Além disso, os telhados verdes tornam espaços até então ociosos em
utilizáveis e aprazíveis, possibilitando o cultivo de hortas; o embelezamento
das cidades; a purificação do ar; a formação de um ecossistema próprio,
atraindo pássaros e insetos polinizadores. Auxiliam também na gestão das águas
pluviais já que parte da água da chuva drenada pode ser reaproveitada para
irrigação do próprio jardim e reduzem o volume e velocidade de água que cairia na
rede pública, evitando sistemas de drenagem complexos e caros. Estudos mostram
que em regiões de chuva intensa, as áreas com essas coberturas podem reter de
15 a 70% do volume de água pluvial, diminuindo a ocorrência de enchentes. Para tanto, é importante conhecer os tipos de
telhados existentes e se cercar de pessoas com conhecimento técnico na hora do
planejamento e da execução desta ideia.
Basicamente existem
dois modelos: os intensivos e
os extensivos. Os intensivos são considerados parques
elevados. Eles conseguem sustentar arbustos, árvores, exigem um suporte
estrutural, de irrigação, drenagem e proteção das raízes mais complexos. Os
extensivos são relativamente leves, com uma cobertura de solo nativo que exige
pouca manutenção. Eles geralmente existem apenas por seus benefícios ambientais
não sendo próprios para o pisoteio.
Na prática, o sistema
para construção de telhados ecológicos exige as seguintes camadas:
impermeabilização, proteção para conter crescimento de raízes; drenagem;
filtragem; substrato e vegetação.
Corte esquemático das camadas que compõem o sistema do telhado verde. |
Hoje em dia, há diversas empresas que
oferecem o serviço de projeto e instalação dessas coberturas, mas para que ele
fique sempre bonito e cumpra sua função, é necessário conscientização e manutenção
por parte dos seus usuários. Dependendo da área, do tipo de sistema construtivo
e da vegetação utilizada os cuidados podem ser maiores ou menores.
Com relação à
carga, segundo a empresa Ecotelhado, os pesos dos sistemas variam de 60 a 250
kg/m² (já saturados de água). Em geral, eles exigem algo em torno de 12 a 15cm
de altura, dependendo da vegetação especificada. Quanto aos valores praticados
no mercado, se comparados aos investimentos em telhados de boa qualidade, eles
são praticamente os mesmos uma vez que são colocados diretamente sobre a laje
impermeabilizada, sem necessidade de nenhum tipo de madeiramento. Se ainda
forem considerados os benefícios anteriormente mencionados e a vida útil duas a
três vezes maior que a dos telhados convencionais, essas coberturas se mostram bem
acessíveis.
Aqui no Brasil, cidades como Guarulhos, São
Bernardo, São Carlos, e agora Curitiba e São Vicente passaram a adotar o IPTU
verde. São experiências bem recentes que mostram um grande avanço no modo de
pensar a cidade. Cada uma com suas especificidades e porcentagens de desconto
variando de acordo com as soluções sustentáveis adotadas.
Uma coisa é fato: um novo olhar sobre a
questão ambiental já está em curso. Nesse sentido, espera-se que prefeituras
como a de Juiz de Fora e tantas outras se integrem a esse grupo ainda pequeno dando
força a projetos de melhoria do meio ambiente e de qualidade de vida urbana para
seus cidadãos.
Simulação dos telhados verdes na cidade de Beirute, Líbano. Projeto arquitetura Studio Invisible, 2012. |
CURIOSIDADE:
Você pode aplicar soluções ecológicas como
os telhados verdes em lajes ou até mesmo em telhados convencionais com telhas
cerâmicas ou de fibrocimento. Essas práticas podem ser incorporadas em
edifícios públicos, industriais e residenciais. Contrate um arquiteto
paisagista e uma equipe experiente e evite problemas com infiltração, excesso
de peso nas lajes, alta manutenção, entre outros.
Acesse os links e saiba mais:
www.ecotelhado.com.br
www.skygarden.com.br
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